Vista de Ponta de Mangue (AL) |
Então, depois de quase dois anos de inverno, surgiu a oportunidade de reencontrar uma prainha tropical. Eu já vivia com saudades, ainda mais quando a Maria Manuel partilhava as suas lembranças da lua de mel em Maragogi. Então, ao final do inverno, ainda em Portugal, fiz uma reserva para voltar ao paraíso alagoano. A principal motivação era levar Luiza para conhecer as piscinas naturais, localmente chamadas de "galés", para nadar com os peixes. 5km da costa, um imenso banco de corais formam piscinas onde os peixinhos já acostumados aos turista encantados transformam o ambiente num imenso aquário à céu aberto. Já conhecíamos o atrativo, mas isso foi antes de Luiza nascer. Voltamos, e para mim, uma volta significativa, pois em 2000 morei quatro meses entre São José da Coroa Grande, ultima praia do litoral pernambucano, e Magarogi. Pude constatar que em 13 anos muita coisa mudou, umas para melhor, outras para pior. Mas, é sempre muito bom voltar.
Reservamos o hotel, o mesmo que ficava durante a semana inteira quando dava aulas num curso de pedagogia promovido pela UPE, e na sexta após o almoço pegamos a estrada. Luiza, quando menor, costumava dormir logo nos primeiros quilômetros. Desta vez seguiu apreciando o caminho até Vila Nova de Quipapá. Durante o trajeto ia pontuando os aspectos gerais da região. Quando passávamos por Canhotinho, mostrei-lhe os bananeirais que ladeiam a estrada. Ela sentenciou: "Aqui deve ter muitos macacos." Nos divertimos parte do caminho com a lógica infantil. Com cuidado, seguimos pela estrada sinuosa entre chuva e sol. Apesar de apresentar uma condição melhor do que em 2000, a via é perigosa, cheia de curvas muito fechadas. Em São Benedito do Sul, caiu parte da estrada. É preciso se apertar entre o paredão e o abismo numa via de mão única. Em Palmares, a BR 101 foi duplicada e o caminho estar completamente diferente! Contudo, a excelente sinalização não deixa que nos percamos. Chegamos por volta das 16h30 em Maragogi.
Luiza e as "negas" na Pizzaria Regina |
A cidadezinha continua desorganizada, com um comércio de pequenos negócios bastante movimentado. Os carros de passageiros, as famosas "sopas" continuam fazendo ponto nas sombras largas das castanholas da pracinha em frente a Igreja de Santo Antonio. Encontramos rapidamente a Pousada Mariluz, que agora oferece uma área de lazer e uma excelente piscina. Logicamente, a primeira parada de Ana Luiza. Depois de uma longa sessão de piscina, encerrada à luz das primeiras estrelas e depois de muitos apelos, fomos jantar na Pizzaria Regina. Um ambiente rústico e muito bem decorado, misturando o artesanato local e regional com características italianas. Uma atendente nos informou que o proprietário é italiano e a esposa é brasileira. Ele, veio em férias, e nunca mais voltou.Depois de uma excelente pizza, descanso. Na manhã seguinte, passeio para as galés.
Pois, fomos. Na espera para a formação do grupo, ficamos num barzinho à beira mar. Então pude observar o agravamento da falta da infra estrutura para exploração dos atrativos naturais da região. A coleta de lixo deficiente aliada a falta de educação de moradores e visitantes, promovem uma imagem emporcalhada na orla. 13 anos depois da época que morei por aqui, a água servida das residências são canalizadas para a praia sem qualquer tratamento. Por isso, e pelo movimento de pescados e mariscos, atraem pombos e urubus.Esses pássaros escuros não são substitutos à altura das gaivotas, que costumam esvoaçar em lugares limpos. Como era dia 7 de setembro, inúmeras caravanas de banhistas de baixa renda chegavam ao balneário. Não é preconceito, mas essas populações são muito desorganizadas e barulhentas. Andam em grupos ruidosos e não tem muito cuidado com o ambiente. Os famosos "farofeiros" não são a melhor companhia para um feriado. Seguimos numa pequena lancha 5 km mar à dentro para longe da sujeira e bagunça. As piscinas naturais são um encanto. Contudo, somente após a atracagem foi que esqueci o medo do mar. Luiza fazia gracinhas enquanto a pequena lancha cortava as ondas e aquilo me encheu de terror. A "ida" foi péssima. Felizmente, rápida. Ao descer do transporte para a água morninha e transparente, tudo aqui acabou-se. Peixes amarelos, listradinhos, coloridos nos rodeavam.
As galés, piscinas naturais de Maragogi (AL) |
Máscaras e respiradores alugados por 10 reais nos permitiu aproveitar a visão dos corais e perseguir os peixes. Uma experiência maravilhosa. O guia nos convenceu a fazer uma sessão de fotos de recordação. Eu não sei com a cabeça quando aceitei! Tenho a plena consciência que fotografias de praia são ruins e aquelas ficaram horríveis! Depois, já em casa, quando olhamos as fotos gravadas em um CD, pelas quais pagamos 50 reais, constatei o registro do mico que paguei. Em todas as fotos, fiquei parecendo uma tartaruga marinha albina. O que valeu foram as risadas, principalmente quando o fotógrafo (nem um pouco generoso, diga-se de passagem) clicava-nos enquanto o peixe ia passando bem na nossa cara. Daí, ficávamos com corpo de gente e cara de peixe.
Corais |
Voltamos quase ao meio dia. Depois de pagarmos os custos do passeio, fomos a um restaurante recomendado pelo Josafá Farofa, o condutor da lancha. O almoço foi uma experiência gastronômica: uma deliciosa moqueca de camarão, com um pirão fluido e leve, acompanhado com um arroz branco soltinho. No som ambiente à medida certa, tocava Djavan. Mais adequadamente alagoano, impossível. Depois de um breve descanso no hotel, Luiza já me consumia para mais uma sessão de piscina. Liberei a atividade para ela, mas fiquei à sombra, escrevendo o texto do 7 de setembro, enquanto Tony assistia o jogo do Brasil e Austrália. O efeitos do sol já se faziam notar: estava com a perna esquerda e o joelho direito vermelhos e ardidos. Após o período de hemisfério norte, não houve protetor solar que me salvasse do vermelho-camarão. Até "Luiza tubarão-lixa" ficou ardida!
Na manhã de domingo, acertamos um passeio de buggy pelo litoral norte. Foi um reencontro com Ponta de Mangue, Peroba, Barra Grande. Nesta última, costumávamos passar os verões e carnavais. Hoje, a pequena vila de pescadores estar mais desenvolvida e populosa. E os problemas urbanos aumentam na mesma proporção.O mar avançou muito e há pontos que não conseguimos passar com o carrinho,pois não há mais linha de areia, as ondas já quebram nos paredões das residências que invadiram o domínio marinho.
Praia da Bruna |
Muita coisa mudou nestas paragens. Mas, a beleza continua intacta. Concordamos que a praia mais linda que visitamos foi a Praia da Bruna.Nesta área dominada por um grande resort foi rodada a cena do filme "Deus é Brasileiro", quando Antonio Fagundes, no papel de Deus, caminha sobre as águas. Realmente, a água transparente sobre um imenso banco de areia causa uma impressão de caminhar sobre as águas. Um lugar lindíssimo. Voltamos ao som de chiclete com banana, enquanto refletíamos que é preciso investir para conhecer o que há de mais belo neste lugar. Para ficar somente na linha da areia, o passeio não vale a pena.
Ao retornarmos para a pousada, mais uma sessão de piscina e um almoço no restaurante Frutos do Mar. Tony queria provar uma peixada. O restaurante do Portuga fica bem em frente a pousada, de forma que foi-nos muito adequado. O bom atendimento e a comida deliciosa compensou o custo meio salgado. Luiza não quis peixe. Cansada de tanta atividade, queria "comer algo que andasse na terra". Depois de muita conversa, entendemos que ela não queria comer peixes por simpatia aos peixinhos das galés, de quem se tornara amiga.
Até a próxima viagem!
Até amanhã, fiquem com Deus!
Fomos em janeiro em Maragogi
ResponderExcluir, adoramos!