segunda-feira, 29 de maio de 2017

A crise (Ou: Como tudo é mais difícil para quem trabalha)



Hoje, excepcionalmente, estou escrevendo no João. Vocês provavelmente lembram-se do meu mini HP chamado João. Ele está comigo desde o começo do doutoramento, comprei-o quando  estava de malinha nas costas para enfrentar a vida de estudante. Pois hoje fui arrumar umas coisas no lugar que adaptaremos para escritório, e encontrei-o numa gaveta. Não é que o danado ainda funciona? Só não conecta a internet, mas, o problema é da rede. É que em Garanhuns, quando começa a chover, a internet fica uma lástima.  

Pois então, estávamos nos lamentando que não chovia, uma seca terrível. Tivemos até racionamento de água! Assim,  Deus olhou para nós e disse: “vai, chuva!”(música de Tim Maia!). E desde sábado passado que chove. E nem pensem que é aquela chuvinha típica de Garanhuns: é um pé d’agua no melhor estilo recifense. Ruim mesmo é a situação do pessoal da mata sul, principalmente lá por Catende, Belém, Palmares. Já vi inundações tão terríveis que cheguei a acreditar que aquele povo não se erguia mais. Contudo, como bons brasileiros, deram a volta às dificuldades. Vida que segue.

Hoje pela manhã conversávamos sobre a crise que assola o Brasil. Pensar que há 5, 6 anos atrás, os jovens portugueses colocavam como primeira opção vir para o Brasil para realizar seus projetos de vida. Acredito firmemente que a crise é mais  de moral, ética e princípios do que propriamente financeira. Ainda afirmo que estamos no país mais rico do mundo, porque a quantidade de ladrão que tem para desviar o dinheiro público daria para construir uma sociedade de primeiro mundo. Além da impunidade, sofremos muito com a especulação. Minha afirmação não se fundamenta em noticiário financeiro - todos manipulados pois, os meios de comunicação atendem a um conglomerado financeiro e só publicam o que lhes favorece, e isso não é de hoje -, mas de uma experiência prática. Foi assim: arranjei um artigo sobre aspectos de interações entre professores do ensino superior numa Comunidade de Prática Online, e quem já ‘anda’ comigo há algum tempo, sabe que isso é parte da minha tese de doutorado. Pois bem, mandei para o 6º CIAIQ – Congresso Internacional de Análise Qualitativa, que esse ano será em Salamanca, na Espanha. Mandei sem compromisso, para ocupar a minha cabeça com algo produtivo e desviar de umas adversidades que estava vivenciando no trabalho. Para minha surpresa, o artigo foi aceito. Daí, tive que dá meu jeito de resolver a pendenga, pois as passagens aéreas estão caríssimas. Passei uns dias a monitorar a cotação, pois era preciso esperar o melhor dia de compra.  Então, nesse meio tempo, o tal do Joesley, de quem eu nunca tinha nem ouvido falar, resolveu denunciar aquela graçola com o Presidente. E o que aconteceu foi que, de um dia para o outro, a passagem, que é cotada em dólar, deu um pulinho básico: o que era 11 mil passou para 15 e uns bons quebrados.  Então, vejamos: o citado senhor, ganhou um rolo de dinheiro comprando dólares na semana anterior, e a sua revelação quebrou na cabeça da pobre professora. Não é uma situação de vida ou morte, sei que muita gente está cortando um dobrado com essa sensibilidade do mercado, mas, por favor, tenho o direito de praguejar contra o gajo que, no presente momento, está passeando em Nova York, beneficiado pela delação premiada, enquanto eu estou escrevendo esse texto e fazendo o almoço de amanhã ao mesmo tempo. Quem foi que disse que o mundo é justo? 

Vamos à diante. Com certeza conseguirei dá a volta a tudo isso, e só estou contando porque há algumas pessoas que estão pensando que eu sou bipolar, pois no dia da revelação do caso dos propineiros, eu procurava moedas para pagar a passagem de ônibus para ir ao trabalho. Talvez, o mercado se acalme, e a situação melhore um pouquinho, até porque é querer de mais que esse país tome jeito.

Fiquem com Deus.

Um comentário:

  1. Não é demais, não, Ana. Queremos todos que o Brasil tome jeito. O problema é, como digo na minha aula de Ética, Política e Educação, que esperamos as soluções virem dos outros. Parece que só o outro age mal e cabe a ele corrigir-se. Precisamos todos revisitar nossos problemas de minicorrupções no dia a dia, de burla às regras. O Brasil, de fato, vive um grave problema de moral, de ética, de corrupção, mas é um problema sistêmico. Cabe a escola resolver, a sociedade, a família, a (s) igreja (s)? Todos juntos, talvez. Ou só formatemos o Brasil e comecemos tudo de novo. Buscando forças para não desistir...

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