Hoje, excepcionalmente, estou
escrevendo no João. Vocês provavelmente lembram-se do meu mini HP chamado João.
Ele está comigo desde o começo do doutoramento, comprei-o quando estava de malinha nas costas para enfrentar a
vida de estudante. Pois hoje fui arrumar umas coisas no lugar que adaptaremos
para escritório, e encontrei-o numa gaveta. Não é que o danado ainda funciona?
Só não conecta a internet, mas, o problema é da rede. É que em Garanhuns, quando
começa a chover, a internet fica uma lástima.
Pois então, estávamos nos
lamentando que não chovia, uma seca terrível. Tivemos até racionamento de água!
Assim, Deus olhou para nós e disse:
“vai, chuva!”(música de Tim Maia!). E desde sábado passado que chove. E nem
pensem que é aquela chuvinha típica de Garanhuns: é um pé d’agua no melhor
estilo recifense. Ruim mesmo é a situação do pessoal da mata sul,
principalmente lá por Catende, Belém, Palmares. Já vi inundações tão terríveis
que cheguei a acreditar que aquele povo não se erguia mais. Contudo, como bons
brasileiros, deram a volta às dificuldades. Vida que segue.
Hoje pela manhã conversávamos
sobre a crise que assola o Brasil. Pensar que há 5, 6 anos atrás, os jovens
portugueses colocavam como primeira opção vir para o Brasil para realizar seus
projetos de vida. Acredito firmemente que a crise é mais de moral, ética e princípios do que
propriamente financeira. Ainda afirmo que estamos no país mais rico do mundo,
porque a quantidade de ladrão que tem para desviar o dinheiro público daria
para construir uma sociedade de primeiro mundo. Além da impunidade, sofremos
muito com a especulação. Minha afirmação não se fundamenta em noticiário
financeiro - todos manipulados pois, os meios de comunicação atendem a um
conglomerado financeiro e só publicam o que lhes favorece, e isso não é de hoje
-, mas de uma experiência prática. Foi assim: arranjei um artigo sobre aspectos
de interações entre professores do ensino superior numa Comunidade de Prática
Online, e quem já ‘anda’ comigo há algum tempo, sabe que isso é parte da minha
tese de doutorado. Pois bem, mandei para o 6º CIAIQ – Congresso Internacional
de Análise Qualitativa, que esse ano será em Salamanca, na Espanha. Mandei sem
compromisso, para ocupar a minha cabeça com algo produtivo e desviar de umas
adversidades que estava vivenciando no trabalho. Para minha surpresa, o artigo
foi aceito. Daí, tive que dá meu jeito de resolver a pendenga, pois as
passagens aéreas estão caríssimas. Passei uns dias a monitorar a cotação, pois
era preciso esperar o melhor dia de compra. Então, nesse meio tempo, o tal do Joesley, de quem
eu nunca tinha nem ouvido falar, resolveu denunciar aquela graçola com o
Presidente. E o que aconteceu foi que, de um dia para o outro, a passagem, que
é cotada em dólar, deu um pulinho básico: o que era 11 mil passou para 15 e uns
bons quebrados. Então, vejamos: o citado
senhor, ganhou um rolo de dinheiro comprando dólares na semana anterior, e a
sua revelação quebrou na cabeça da pobre professora. Não é uma situação de vida
ou morte, sei que muita gente está cortando um dobrado com essa sensibilidade
do mercado, mas, por favor, tenho o direito de praguejar contra o gajo que, no
presente momento, está passeando em Nova York, beneficiado pela delação
premiada, enquanto eu estou escrevendo esse texto e fazendo o almoço de amanhã
ao mesmo tempo. Quem foi que disse que o mundo é justo?
Vamos à diante. Com certeza
conseguirei dá a volta a tudo isso, e só estou contando porque há algumas
pessoas que estão pensando que eu sou bipolar, pois no dia da revelação do caso
dos propineiros, eu procurava moedas para pagar a passagem de ônibus para ir ao
trabalho. Talvez, o mercado se acalme, e a situação melhore um pouquinho, até
porque é querer de mais que esse país tome jeito.
Fiquem com Deus.
Não é demais, não, Ana. Queremos todos que o Brasil tome jeito. O problema é, como digo na minha aula de Ética, Política e Educação, que esperamos as soluções virem dos outros. Parece que só o outro age mal e cabe a ele corrigir-se. Precisamos todos revisitar nossos problemas de minicorrupções no dia a dia, de burla às regras. O Brasil, de fato, vive um grave problema de moral, de ética, de corrupção, mas é um problema sistêmico. Cabe a escola resolver, a sociedade, a família, a (s) igreja (s)? Todos juntos, talvez. Ou só formatemos o Brasil e comecemos tudo de novo. Buscando forças para não desistir...
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