Então, já chegou maio. Lá no outro hemisfério tudo já está repleto de flores, pássaros e pequenos bichos. Cá, olhamos para o céu perscrutando as nuvens para adivinhar se vai cair alguns pingos de chuva. E assim, sempre cheios de esperança, enfrentamos mais um ano de seca. Parafraseando Euclides da Cunha, nordestino é, antes de tudo, um forte. Sempre encontramos alternativas para ir conduzindo a vida, mesmo nos momentos mais difíceis.
Como hoje, no Brasil, é o dia das mães, é inevitável não partir do exemplo destas para entender melhor a resistência nas provações, a fortaleza nas adversidades, a esperança em dias melhores. Neste ano, o meu dia das mães tem a imagem da Pietá, obra icônica de Michelangelo como imagem, pois a maternidade não é fácil, mas há momentos em que é insuportável. Somente as mães aguentam. Creio que esta semana atravessamos um dos momentos mais difíceis na nossa Instituição. A professora Izabel perdeu o filhinho, com apenas sete anos de idade. Se a morte é desafiadora, o funeral de uma criança é devastador. Para mim, Izabel não é somente uma colega de trabalho. Como fiz parte da Avaliação Institucional até o ano passado, da qual ela é Presidente, fiz parte da equipe desde que voltei de Portugal. Então, o convívio foi quase diário. Partilhamos de sua angústia todas as vezes que o pequeno tinha uma crise, e passava dias no hospital. Neste período, testemunhei o cuidado e a dedicação desta mãe, deste pai e desta família para minimizar o sofrimento da criança, portadora de uma grave doença congênita. Confesso que, na última semana alternei momentos de fé e de dúvida. Quando uma criança passa por um sofrimento tão intenso, lá no íntimo, até os anjos questionam. Na quarta-feira, pelas 22 horas, Deus decidiu que a luta de Thiago chegara ao fim, e convocou-o para a eternidade. Como nos disse a própria Izabel, "ele não saiu perdedor. Cumpriu sua missão com grandeza e fica a luz da sua breve passagem no mundo." Somente uma força divina inspira uma mãe a pensar com tamanho desprendimento. Se há um fator positivo em tamanho sofrimento, precisamos entender que aprender a melhorar como pessoas é possível quando nos compadecemos e sofremos juntos, exercitando a legítima sororidade.
Então, a vida segue para todos nós, que compartilhamos com sinceridade esse momento, de uma forma diferente. A tristeza faz parte da vida, nos fortalece e nos humaniza. Quantas mães, como Jucileide e Fátima, que perderam seus filhos de forma trágica, prosseguem na luta de cada dia? Quantas, como Rosa, Virgínia e Ilma, enfrentam os desafios de criar da melhor maneira seus filhos com limitações físicas. dificuldades cognitivas e/ou comportamentais? Quantas, como Izabel e Sônia Marguete, pelejam para formar pessoas corretas e honestas, sem a ajuda do pai? São exemplos de força que me impressionam a cada dia.
Neste dia especial, quero agradecer especialmente às que me ensinam pelo exemplo. Quero agradecer as mamães que, generosamente, partilham as fotos de seus filhos, fazendo da rede social um ambiente mais humano e amoroso. Como não sorrir com as peripécias e Cauã e Valentina, crianças da linda Fabiana Vilar? Como não se encantar com as belezas de Mariana e Margarida, da Mónica Aresta? Adoro ver a Julinha, de Mayda, maior a cada dia, aprendendo ao que há de melhor nesse mundo. Me divirto com a graça espontânea da Deborah, de Jenyfer, da Julia, de Elaine Ferreira, do Bernardo, da Thais, Heleninha, neta da querida Helena Mota (avó é mãe duas vezes!), do Thiaguinho, sobrinho de Thayze. Me dá uma satisfação imensa saber que o menino da Maria Manuel e o Rafa, filho mais novo de Vilma, já são rapazes. Obrigada as mamães. vovós e titias orgulhosas que, com um pequeno gesto, fazem mais felizes os meus dias. Sorriso de criança faz bem para a alma e, são tantos os espinhos no caminho, que os pequenos iluminam parte dessa imensa seara que é a vida.
Fiquem com Deus.
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